quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Água na boca do Existenz

Ontem, em mais uma das minhas "andanças" pelas livrarias, encontrei um exemplar que deixará nosso amigo Existenz com "água na boca" - eu até diria que ele ficará com uma "inveja saudável". Rssss.
Caro amigo, adquiri o livro "José Ortega y Gasset: a aventura filosófica da educação", de Margarida Isaura Almeida Amoedo, publicado pela editora portuguesa Imprensa Nacional Casa da Moeda.
A autora é professora na Universidade de Évora. Sua tese de mestrado foi em Filosofia Contemporânea, com dissertação sobre Miguel de Unamuno e Ortega y Gasset.
O livro tem quase setecentas páginas e, segundo a contracapa, "privilegia três grandes aspectos da figura de José Ortega y Gasset: a sua intervenção plurivalente na vida pública, como pensador, professor e publicista; as doutrinas filosóficas, que fazem da sua extensa obra um marco importante, dentro e fora da Espanha; e as direções pedagógicas, que, solidamente fundadas, imprimiram a todo o seu trajeto biográfico uma vitalidade transbordante e admitem ser repensadas, com proveito, noutros contextos".
Dei uma olhada nas seções do livro. A primeira delas mostra o percurso histórico do pensador. A segunda - que me parece ser o núcleo tanto do meu interesse quanto do seu - contempla mais de 230 páginas. São sete capítulos tratando dos temas orteguianos - circunstância, vida, verdade, razão vital. Dois deles têm títulos bastante curiosos: "Homem, o centauro ontológico" e "Filosofia: arte de viver, caçando na selva das ideias".
Obviamente, não é um livro para ser lido com pressa, mas com a dedicação de uma degustação.
Mas que promete.... ah, isso promete!

3 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, boa aquisição. Acredito que ainda há bastante coisa a se tirar desse filósofo, e mais de 600 páginas pode ser uma obra que consiga ir bastante fundo nesse sentido. Vejo que Ortega y Gasset possui boa aceitação em leitores de língua portuguesa, mas também gostaria que ele brilhasse mais em lugares como a França. Eu teria bastante curiosidade de ver o estilo francês contemporâneo de filosofar com um toque de Ortega y Gasset. O que sairia daí? Abraços.

Ricardo disse...

Caro amigo "Existenz":
Realmente, o livro parece bem interessante. Digo isso através de uma observação muito preliminar, logicamente. Mas, folheando o livro, detendo-me rapidamente nos capítulos - exclusivamente aqueles referentes à filosofia dele -, observando, numa "leitura dinâmica", diversos parágrafos, o conteúdo me parece muito interessante.
Você fez uma observação muito boa - como é usual - sobre como seria a visão filosófica "afrancesada" (Rsss) do pensamento de Ortega y Gasset. Imagine um confronto entre as perspectivas fenomenológico-existenciais de Gasset e Sartre.
Agora, uma pergunta para você: se Gasset antecipou - e com que "tranquilidade"! - Heidegger e Merleau-Ponty seria um dos mais fiéis herdeiros de Husserl, há alguma possibilidade de "ponte" entre Gasset e Ponty?
Você vê que sempre o provoco em relação ao Ponty, né? Rsss. Mas é porque eu sei da sua competência no francês.
Abração.

Anônimo disse...

Olá grande Ricardo. Pergunta difícil, mas intrigante (o que é ótimo, adoro perguntas intrigantes!) principalmente por que ambos costumam tratar de assuntos bastante diferentes. De qualquer forma, há trilhas mais ou menos recorrentes na filosofia existencial que podem aproximá-los. A primeira convergência, que talvez seja o ponto de partida para as demais, seja o fato de que ambos vêem a existência como sempre estar rumando às coisas de alguma forma, trazendo, com isso, um modo de ser das coisas que possui coerência com esse rumar, além de centrar a filosofia nesse movimento existencial. Assim, ambos dão ênfase à experiência vivida, "concreta" em detrimento de conceitos mais abstratos e intelectuais que possamos ter sobre o mundo. E, aliado a isso tudo, podemos ver que também concordariam que precisa haver um papel forte do tempo sobre o ser e a realidade, e que também esse tempo não pode se desvincular de nossa existência própria mas também comum (ou seja, “interpessoal”). Isso cria implicações para liberdade, tema bastante querido para ambos, onde também concordariam que deve ser possível somente em situação, entremeadas pelas características das circunstâncias que nos rodeiam. No entanto, cada um tira conclusões particulares disso tudo. Mas, eu diria, que esses assuntos todos também podem ser mais ou menos observados em outros filósofos da existência, como Heidegger e os demais, mas também em Husserl, sendo que este fica com o crédito sobre praticamente tudo que converge em ambos. PS: Espero que esteja “se divertindo” com a resposta à carta 23. Um abraço.