terça-feira, 1 de setembro de 2009

Filosofia para crianças

Descobri um ótimo livro para aqueles que têm, como eu, filhos pequenos. O livro se chama "O que é a pergunta?", e pertence à coleção "Tá sabendo?". Ele é publicado pela Editora Cortez, e tem como autores o filósofo Mário Sérgio Cortella e a educadora Silmara Rascalha Casadei.
O livro, autoexplicando-se, informa o seguinte: "O encontro entre um menino e um filósofo, em uma escola, será o ponto de partida para uma viagem rumo ao Reino das Indagações, um lugar em que conheceremos muitas personalidades e muitas perguntas feitas ao longo da história da humanidade e da Filosofia. No percurso, as perguntas do menino surpreenderão o filósofo, que, aos poucos, as responde e também lhe ensina a elaborar suas próprias respostas. Afinal, todos somos filósofos".
O livro é muito "atraente" para as crianças. Há pequenas caricaturas dos filósofos, com um minirresumo de seu pensamento, ao longo do livro. Diógenes de Sínope, no texto, por exemplo, é indicado como aquele que procurava pelo "Homem", com sua lamparina, e que sustentava que deveríamos ter uma vida o mais simples possível. O filósofo que encontra o menino, na estória, explica a este que Diógenes levava tão a sério sua ideia que até vivia dentro de um barril... como o Chaves (aquele personagem da TV mexicana). Ou seja, faz-se uma ponte com o mundo da criança.
No segundo capítulo ("Vamos fazer uma viagem rumo ao mundo da Filosofia?"), há uma apresentação cronológica dos filósofos e de suas ideias, sempre com as pequenas caricaturas e breves descrições abaixo, além de frases ligadas ao pensamento de cada filósofo.
Obviamente, fui procurar nosso querido Spinoza. Ao achá-lo mostrei à minha filha, dizendo: "Olha quem está aqui!". E ela "Baruch Spinoza, pai!". Caracas... "Spinoza", tudo bem... mas "Baruch"!!! Essa menina mata o pai-babão de orgulho. Rsss.
E ainda acrescentou "Ele era bem simpático, né, pai!". Parei para pensar sobre a gênese desse comentário... e percebi que, dentre as figuras dos três grandes "racionalistas", Spinoza era a única caricaturinha que sorria. Descartes estava com uma cara de poucos amigos e Leibniz "nem lá, nem cá", o que se chama de "cara de paisagem", hoje em dia. Até nisso o desenhista acertou... captou a alma spinozana. Rsss
No penúltimo capítulo, há algumas respostas dadas à pergunta - dificílima, aliás - "O que é um ser humano?". Dentre estas respostas, não sei se por acaso ou se por uma franca vontade de fazer a criança refletir sobre o tema, aparece muito a ideia de "morte". Nosso querido pensador-poeta Fernando Pessoa contribui com "O homem é um cadáver adiado"; enquanto o sábio Spinoza traz a visão de que "Aquilo em que o homem livre menos pensa é na morte, e a sua sensatez leva-o a meditar, não na morte, mas na vida"... e por aí vai.
Ótimo texto! Recomendo entusiasticamente! Façamos as crianças entrarem no mundo da Filosofia... e assim, quem sabe, produziremos homens e mulheres melhores!

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