sexta-feira, 12 de março de 2010

Ainda na aula de Lógica

  O prof. Guilherme, na mesma aula de Lógica da qual surgiu o post anterior, demonstrou que, em termos exclusivamente lógicos, o argumento como um todo - premissas e conclusão - não precisa ter relação com a realidade. Ou seja, tomemos o "frio" linguajar lógico.
Premissa 1: Todo A é  B
Premissa 2: Todo B é C
Conclusão: Logo, todo A é C
  Não há interesse lógico em saber se A, B e C fazem parte da "realidade efetiva". Isso é verdade! Mas... um aluno perguntou se nunca, historicamente falando, a Lógica teve essa preocupação com os "fatos". A resposta não foi direta... e abraçou, em seu corpo, alguns outros questionamentos feitos anteriormente.
  Particularmente, acho uma "injustiça" com o nobre estagirita Aristóteles dizer que ele, o "criador" da ciência Lógica, não tivera uma preocupação pragmática ao organizar sua ciência. Penso, sim, que a Lógica veio apoiar a "episteme" - a ciência -, na parte teórica, justamente para impedir que contradições meramente lógicas pudessem "contaminar" o tratamento dos dados empíricos. Nesse sentido, a formulação lógica teria um diálogo rico com a realidade efetiva.
  Basta ver que a Lógica criada por Aristóteles trabalhava com os "silogismos" (significando, em grego, "argumentos válidos"). Aliás, em termos técnicos, "um argumento é válido quando for impossível que suas premissas sejam verdadeiras e sua conclusão seja falsa". Aristóteles, então, na sua Lógica Silogística procurava premissas sabidamente verdadeiras - ou seja, onde havia relação de veracidade entre a afirmação e a realidade - para, atendendo a formas válidas de argumentos, chegar a uma conclusão que continuasse representando a realidade dos fatos.
  Obviamente, em sua sistematização, Aristóteles deparou-se com argumentos que não eram válidos. Só para encurtar a estória: das 256 formas possíveis, apenas 19 são válidas e "fortes" (têm grande poder de convencimento, digamos assim)... do restante, 5 são válidas e fracas (ou "subalternas") e todas as outras são inválidas.
  E lá se pôs o filósofo macedônio a fazer ciência com seus 19 silogismos!


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