Há algum tempo, venho manifestando minha preocupação com o aumento da barbárie, sob o ponto de vista local - deixando de lado a dimensão global, por ora.
Um dos aspectos mais alarmantes desta materialização da barbárie de âmbito local, penso, é a banalização da violência produzida nos assaltos. Não fosse a violência do próprio ato de expropriar alguém dos seus bens - por vezes, tão dificilmente obtidos -, agora temos que lidar com os "objetos perfurocortantes" sangrando nossa sociedade.
Esse é um fato que já me perturba e preocupa. Contudo, é na esteira deste tipo de acontecimento que vejo a grande possibilidade de instalação da barbárie. Uma sociedade organizada reconhece a existência deste "descompasso" no seu seio e mobiliza suas instituições para operar os instrumentos inibidores do mesmo. Já uma sociedade "bárbara" trata de caçar os elementos viciosos e "dar cabo" deles. E aí começamos a ver, por exemplo, os linchamentos... e, pior, o aplauso a eles.
Hoje, leio no jornal que, no bairro de Senador Camará, no Rio de Janeiro, um homem foi salvo pela Polícia de ser morto pela própria população, num apressado movimento de julgamento e execução penal popular. Caso isolado? Antes fosse. Por esses dias, um homem foi assassinado em semelhante situação, no Maranhão.
Uma sociedade que não crê nas instituições que devem organizá-la está se perdendo. E o pior é quando, além de não crer nelas, esta sociedade pretende fazer o papel do Estado. Como dizia Weber, o Estado é aquele que detém o monopólio da violência. Justamente isso que queremos retirar do Estado? Por que não escolher a disseminação da civilidade, de que o Estado já não consegue dar conta?
Não aos linchamentos! Não à barbárie que bate às nossas portas!
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