segunda-feira, 20 de julho de 2015

O que é isso, Cunha?


   Fiquei surpreso ao ouvir a declaração do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de que estava sendo perseguido politicamente, através da Operação Lava-Jato, de forma orquestrada pelo governo federal. Ora, pensei eu, como o governo pode comandar uma ofensiva contra alguém valendo-se de uma arma que está, antes de tudo, fazendo estragos em sua própria tropa? "Não é possível que o nobre deputado esteja acreditando no que diz!", refletia eu. "Ou será que eu perdi alguma parte dessa estória?", ponderava cá com meus botões.
   Por sorte, o estranho proferimento de Cunha soou mal nos ouvidos de outras pessoas também. Assim é que, nas suas colunas do jornal O Globo, Ilimar Franco, Jorge Bastos Moreno e Miriam Leitão exibiram a incongruência da fala do deputado.
   Ilimar disse: "Uma teoria conspiratória de péssima qualidade, pois, se o governo tivesse condições de controlar os controladores e os investigadores, não estaria na situação de penúria política em que se encontra".
   Jorge Bastos escreveu:"As alegações de Cunha de que há dedo do Palácio nisso não se sustentam, pelo simples fato de que a Lava-Jato atinge também o governo, e quem tem poder para botar alguém na roda tem também para tirar os seus do mesmo escândalo".
   Por último, Miriam: "Por elementar, se pode afastar essa visão persecutória. Se tivesse capacidade de manipular o órgão policial e as instituições do Ministério Público e Justiça, o governo o faria em seu próprio benefício. Não tem conseguido no MP nem na Justiça de primeira instância".
   Ufa... eu pensei que eu estava emburrecendo. Mas, aparentemente, só continuo tão burro quanto sempre fui. Rsss.
    Miriam ainda diz mais: "A reação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é uma tentativa de se desvincular de um escândalo que o pega de frente. Na sua declaração se vê a tentativa inútil de camuflar algo que está visível".
    Aliás, a coluna da Miriam começa com algo muito engraçado, que lembra muito aquela declaração do Romário  - "O Pelé calado é um poeta" -, embora prossiga com uma avaliação muito séria. Diz ela: "Quando a presidente Dilma fala, a gente nota que o silêncio lhe cai bem. Quando nada diz, pode-se ter a esperança de que ela esteja entendendo o grau de confusão no qual o país está. Ao falar, Dilma confunde confissões extraídas sob tortura na ditadura com delações previstas em lei, feitas por criminosos à Justiça, em pleno Estado de Direito. Nas reuniões que faz para avaliar a crise, a presidente mistura governo com partido ou tem encontros que, do ponto de vista institucional, não deveria ter para tratar deste tema, como o que manteve com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)".
   Eita, crise!!! Realmente, as instituições políticas brasileiras estão meio "alopradas". 

Nenhum comentário: