segunda-feira, 6 de julho de 2015

Delação...


   Fico na dúvida se deveria completar o título do post, após a palavra "delação", com "premiada" ou "criticada". Isto porque, conforme soubemos, a presidente Dilma tratou do tema "delação" de modo bastante crítico, apesar do nome do instrumento jurídico ser chamado "delação premiada". Disse nossa líder máxima que: "Em Minas (Gerais), na escola, quando você aprende sobre a Inconfidência Mineira, tem um personagem que a gente não gosta porque as professoras nos ensinam a não gostar dele. Ele se chama Joaquim Silvério dos Reis, o delator. Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em delatora; a ditadura fazia isso com as pessoas presas. E eu garanto para vocês que eu resisti bravamente".
     Antes de tudo, tenho que parabenizar a ex-ativista Dilma, pois eu não garanto que eu mesmo, sendo submetido à tortura, manteria os segredos necessários para assegurar a vida de amigos envolvidos em atividades revolucionárias... não que eu conheça algum, a bem da verdade. Rssss.
   Feito esse registro positivo sobre nossa presidente, enquanto ativista, teríamos que lembrar o outro lado da estória. Poucos dias antes de sua reeleição, a presidente Dilma deu uma entrevista à revista Carta Capital, onde dizia: "Para obter as provas, a Justiça e o Ministério Público valeram-se da delação premiada, um método legítimo, previsto em lei. E muito útil para desmontar esquemas de corrupção. Na Itália, contra a máfia, funcionou muito bem".
   Deve ficar claro que as duas situações são bem distintas - aquela da Inconfidência Mineira e esta que envolve políticos, vários deles do partido da presidente.
   Se o "subversivo" Tiradentes tinha um espírito libertador para com um país submetido ao jugo explorador da metrópole, o daqueles que estão envolvidos nesta delação de agora são, em conjunto com aqueles que estão sendo denunciados, uns aproveitadores. E da mesma forma que aproveitaram o momento em que os políticos estavam distribuindo o dinheiro, agora tentam se dar bem quando o barco está afundando. Por este motivo, presidente, acho que sua primeira opinião deveria ter se mantido inalterada.

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