terça-feira, 21 de julho de 2015

"Por que virei à direita"


   O título do post é o mesmo de um livro a respeito do qual eu já falei aqui no blog. Os autores são João Pereira Coutinho, Luiz Felipe Pondé e Denis Rosenfield - havendo um Prefácio de Marcelo Consentino.
   O subtítulo do livro, que não registrei no do post, é "Três intelectuais explicam sua opção pelo conservadorismo". E essa última palavra parece criar uma confusão na cabeça de um leitor menos preparado. Isto porque a posição de "direita" poderia ser mais bem aproximada, num primeiro momento, apenas ao "liberalismo" - ou, talvez pior, ao "neoliberalismo" -, e não simplesmente ao "conservadorismo". 
   Para iniciar um comentário a esse respeito, talvez valesse à pena ler a abertura do Prefácio.
   "É fácil tipificar o homem de direita como o moralista hipócrita e pedante, ou então como o burguês satisfeito de si e indiferente a todo o resto, e opô-lo à sua contraparte esquerdista, o poeta militante que avança entre barricadas urbanas combatendo todas as forças de opressão[...]. [Mas] Seria igualmente fácil inverter os sinais e seguir os passos deste último [...] até o alto de um palanque jacobino, de onde comanda o despencar das guilhotinas para o espetáculo da plebe, ou até o interior de um gabinete bolchevique, de onde planeja usinas, gulags e o destino de multidões em uma planilha, e contrapô-lo ao homem de mentalidade conservadora, forjado pelo ideal da honra e do dever, temperado numa vida de renúncias, ora dando as costas a sonhos utópicos na rotina anônima e maçante da administração dos bens públicos e privados, ora usando mão forte em defesa da sociedade civil contra o banho de sangue em que guerrilhas e rebeliões armadas ameaçam mergulhá-la sempre que esses mesmos sonhos se pervertem em alucinações maníacas".
   Obviamente, cada uma das oposições mostradas acima atende a um viés ideológico distinto. E, em certa medida, correspondem à verdade - mas também à inverdade. 
   Segue o Prefácio.
   "Imagens como essas, no entanto, mais movem e comovem do que esclarecem [...] [A] condição primeira de toda boa crítica [é] discernir o princípio essencial de tal ou qual fenômeno intelectual ou social e, se possível, por seu lado bom". 
   Talvez esse "por seu lado bom" já seja um excesso. Em tese, pelo menos, deveria ser buscada a neutralidade. Desta forma, bastaria tentar "discernir o princípio essencial" do objeto de estudo, a fim de efetivamente poder confrontá-lo com suas posições pretensamente antagônicas.
   Um conservador prefere o que já está posto do que aquilo que é modificação. Contudo, não é um cego que prefere o pior, porque já está aí, ao melhor, que ainda não está. Por exemplo, não imagino que alguém com um mínimo de bom senso seja contra uma distribuição mais justa de bens e direitos em nossa sociedade. Portanto, que seja contra uma modificação do status quo que implique aumento da justiça. E, em sendo contra, que se negue a dar apoio a tal alteração na sociedade. Isso, por puro "conservadorismo". Contudo, imagino que o mesmo cidadão de bom senso não se empolgue muito com aventuras "utópicas" que preguem alterações práticas baseadas em um ponto de vista teórico que não pareça se coadunar com a natureza humana, sob a justificativa simples de tal modificação representa uma "inovação" e um "progresso" para a sociedade.
   Lembrando ainda que ser conservador não é ser reacionário!!!

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