Eu já havia sinalizado, aqui no blog, que estava lendo - com muita curiosidade - o livro O Brasil tem cura, de Rachel Sheherazade. Já findei minha leitura há algum tempo, mas acabei por não registrar aqui minhas impressões. Passo a fazê-lo agora.
De um modo geral, gostei do livro. Ele reacende na memória muita coisa da História do Brasil recente e traz alguns bons diagnósticos e soluções. Contudo, acho que peca por acreditar na simplicidade de uma solução óbvia, mas que é monstruosamente complicada: "Só é possível transformar o Brasil redefinindo nossos modelos mentais, as formas pré-estabelecidas de ver e julgar a realidade para, consequentemente, passarmos a agir de modo diferente".
Antes de analisar a obra, gostaria de fazer um pequeno registro da carreira vitoriosa da bela jornalista paraibana.
Rachel conta que, em 1992, na Universidade Federal da Paraíba, onde estudava, "alguns professores eram militantes ferrenhos e verdadeiros aliciadores da esquerda" e que "no ambiente acadêmico, intitular-se 'de direita' era confessar-se um antidemocrata, saudoso da ditadura, amante de torturas, enfim, uma completa aberração política e social".
Sinceramente, penso que não mudamos muito sobre isso. Ainda temos, na Filosofia e na Sociologia, um grande número de professores tentando doutrinar os jovens, soprando-lhes ventos "esquerdistas". Além disso, dizer-se "de direita" parece significar endeusar o deputado Bolsonaro, mesmo que isso esteja longe de ser o caso.
Ela conta também que "sem qualquer crise de consciência política, identificava-me com princípios de ambos os lados, como o Estado mínimo e as liberdades individuais - bandeiras à direita - e mais justiça social - preceito da esquerda".
Não gosto muito da expressão "Estado mínimo", preferindo o "Estado suficiente". Lógico que esse "suficiente" é bem longe daquela "burocracia" enorme, que incha o Estado, fazendo dele um monstrengo que custa muito caro à sociedade. Mas, vá lá... Estado mínimo e liberdades individuais. Ora, quem não quer "liberdades individuais"? Não acredito que um socialista responda negativamente a isso. É certo que ele diria que, em prol de maior justiça social, seria admissível restringir uma parcela dessas liberdades... mas, em tese, não é necessário ser contra elas. Por outro lado, será mesmo que alguém que não é de esquerda faria franca oposição a uma sociedade onde houvesse mais justiça social? A menos de algumas pessoas que poderiam enxergar que o custo excessivo de programas sociais atrapalha suas vidas, não vejo uma definitiva oposição a este ponto por parte daqueles "de direita".
Depois, Sheherazade trata da ascensão do PT. Diz ela: "Para quem acreditou na mudança, era como um divisor de águas, como se a moralidade do Brasil, enfim, ali nascesse". Contudo, segundo ela: "Transcorrido um ano da chegada do PT ao poder, as máscaras do partido começaram a cair". E a jornalista passa a narrar os escândalos que envolvem o Partido dos Trabalhadores e alguns de seus afiliados, para concluir que "o PT revelava-se um partido como qualquer outro, com integrantes sujeitos a todas as fraquezas morais e éticas, e passíveis de se corromper".
A partir daí, segundo a autora, seu interesse pela Política aumentou. Ela continua, então, a falar de sua trajetória pessoal, inicialmente como repórter na Paraíba até ser convidada, por orientação do próprio Sílvio Santos, para ser âncora do SBT Brasil.
Depois eu conto mais...